Thymus Boogie: confira o novo single de promessa do stoner nacional

(Foto: Divulgação)

A cena stoner brasileira vive à parte do mainstream, numa trincheira entre o rock e o metal. Mesmo assim, o que produz costuma ser de ótima qualidade. Não fosse o esquema de monocultura midiática de massa que impera por aqui, no país, teríamos uma ideia melhor desse panorama fértil. 

Os paulistanos da Thymus Boogie são um exemplo dessa força. Michel de Lira (vocal), Fagner Villani (guitarra), Fabricio Santos (baixo) e Bruno Nascimento (bateria) estão no início do percurso da banda, que surgiu em 2014. Depois do álbum ao vivo Live Pocket Night (2015), o quarteto veio com o single Personal Devil. A faixa saiu em janeiro deste ano, mostrando a faceta dos caras em estúdio – um som denso, mas sem exagero nos drives.

Agora temos a recém-lançada canção Grapejuice, que explora sua veia psicodélica. A faixa e seu respectivo clipe foram disponibilizados nesta quinta-feira (20), nas plataformas digitais do grupo. De acordo com Fagner Villani, a novidade marca uma mudança substancial no ambiente criativo da trupe, que prepara o primeiro disco de estúdio. Leia na entrevista a seguir.

Vocês divulgaram o single Grapejuice, o terceiro lançamento da banda. Já dá para visualizar qual é a pegada marcante do Thymus Boogie? 
Desde quando criamos Grapejuice, ela já mudou completamente nossa visão sobre a banda. Talvez por ter sido a primeira em uma afinação diferente (drop A#) ou por sua dinâmica mesmo. Conseguimos explorar todos os elementos de peso, tempo, e toda a energia que sempre quisemos em nossas músicas. Dá até para dizer que era a mais "Thymus Boogie" que tínhamos na época. 

Fale mais sobre Grapejuice. 
Como nosso álbum [que está sendo feito] é conceitual, Grapejuice também acaba fazendo parte do arco da protagonista da história tratada. No contexto, encaixa-se bem no final. Claro que disponibilizamos essa faixa sabendo que não teria como levar spoilers, já que tudo gira em torno de uma metáfora. De qualquer forma, a mensagem é transmitida. Falamos do encontro com o seu "eu" interior, com a mãe-natureza e o equilíbrio do ser. 

O peso de vocês não é daquele clássico stoner, carregado em fuzz e distorção. O que há de não-stoner na banda?
Acho que nosso peso não é muito stoner. Temos a energia, mas às vezes pegamos pesado demais. Também não investimos em uma gravação com cara retrô, embora não tenha todo aquele rigor técnico do metal. Em Grapejuice, exploramos um pouco mais o stoner, principalmente na distorção. Não queremos ser mais uma banda "Black Sabbath wanna-be". Fazemos stoner do nosso jeito. Há ocasiões em que pisamos um tanto fora, mas, na maior parte do tempo, acredito estarmos dentro.

 Quantas músicas vocês têm prontas para virar singles? 
Na verdade, não lançaremos mais nenhum single. Estamos focados no álbum e queremos que todos estejam também. Depois de Grapejuice, tudo irá girar em torno do álbum, inclusive na comunicação com o público. 

O que seria das bandas independentes hoje em dia se não fossem os singles? 
Olha, com certeza, bem mais pobres [risos]. Para as bandas pequenas, o single acaba sendo a forma mais viável de lançar sua música para o mundo. Isso banalizou a função real do single (na maior parte dos casos). Porém, sem dúvida, é necessário para nós, até porque permite que nos confiramos com a produção toda certinha pela primeira vez. 

A cena stoner, no Brasil, tem boas bandas, mas mantém-se restrita, meio isolada em um veio do underground. O que mais atrai vocês nessa perspectiva? 
Acho que o fato de ter todo um movimento, uma cultura por de trás. Pode não ser um número expressivo de pessoas, mas todos que fazem parte da cena stoner entraram nessa de cabeça. Sempre compartilham bandas novas, turnês de grupos nacionais. É como uma grande comunidade: não importa se você é de uma banda ou não, todos parecem unidos, e é essa união que mais nos atrai. 

Qual é o espaço que pretendem conquistar? 
Rock In Rio, quem sabe um Wacken? [risos] Brincadeiras à parte, a maior parte das bandas é formada pensando em alcançar o sucesso e, definitivamente, todas querem ser ouvidas. O que queremos não é muito diferente disso. Entendemos que nosso som é bom e que tem algo a mais, então queremos que as pessoas escutem nosso trabalho. Pensamos bastante no entretenimento, por isso, costumamos elaborar campanhas, interações nas redes sociais e em shows. Com um trabalho bem-feito (e visão empreendedora), o resto simplesmente vem. 

É difícil movimentar uma agenda de shows com uma banda de stoner? Quais são os perrengues? 
"Não tá fácil" é a melhor resposta que posso te dar. Conseguir show nem é o maior dos problemas, mas conseguir uma proposta rentável, sim. Essa historia tem dois lados: o dono da casa de shows tem que se alimentar e gerir o bar e nós, que temos de ensaiar e gravar. O que salva bastante são os festivais que o pessoal da cena organiza. Têm uma vibe muito boa entre a banda e a galera que vai. Não se impressione se anunciarmos um desses em breve...

Confira Grapejuice,a nova canção e o primeiro clipe da Thymus Boogie.

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