HERMAN RAREBELL E SEUS ANOS DE SCORPIONS


Scorpions clássico, de 1984: Rarebell é o primeiro à esquerda (foto: Divulgação)

Em 2010, na etapa final do período em que passei editando a revista Rock Brigade, havia planos para uma supermatéria sobre o Scorpions. Infelizmente – e não por minha vontade –, as coisas mudaram e essa entrevista com o ex-baterista da banda, Herman Rarebell, foi limada.
 
Esse cara foi um dos principais compositores do grupo alemão. No papo, me falou dos seus tempos junto com a trupe (1977-1995) – que, por sinal, foram os melhores anos deles. Se reparar, os principais clássicos têm sua participação, seja na composição ou na gravação.
 
Com a notícia de que o Herman vem ao Brasil em 2013, juntamente com os também ex-Scorpions Michael Schenker e Uli Jon Roth (guitarras) e Francis Buccholz (baixo), além do vocalista Doogie White (Rainbow, Yngwie Malmsteen), me empolguei em divulgar a conversa que tivemos. Vamos lá, então!
 
Como você entrou para o Scorpions?
 
HERMAN RAREBELL – Entrei em 18 de maio de 1977. Eu os encontrei na Inglaterra, onde estavam fazendo testes [com bateristas], no famoso Marquee Club. Michael Schenker, irmão de Rudolf, disse-me que eles estavam procurando um baterista. No dia seguinte, fui fazer o teste. Todos os candidatos tinham que tocar três músicas. Depois, ouvi o famoso: "qualquer coisa, te ligamos". Eu pensei que não iria ver os caras nunca mais, mas, no dia seguinte, o tour manager deles me ligou dizendo: "O emprego é seu, caso você ainda esteja interessado".
 
Você foi um dos principais compositores da banda, junto com Schenker e Meine. Qual foi a sua primeira canção?

RAREBELL – Morei na Inglaterra até 1977, quando entrei para a banda. Então, eu tinha o melhor inglês de nós. Rudolf apareceu com os riffs da música 'He's a Woman - She's a Man' e me pediu algumas linhas para a letra. Naquela época, fomos a Paris e, quando saímos para a noitada, uma mulher com voz esquisita apareceu e disse [ele engrossa a voz]: "E aí, pessoal! Na verdade, eu sou um homem. Não se assustem, mas muitos aqui são travestis". Foi daí que tirei a ideia para a minha primeira letra para a banda. E assim fui compondo mais e mais.
 
Das que escreveu, quais são as suas preferidas?
 
RAREBELL – Minhas preferidas são, claro, 'Rock You Like a Hurricane' e 'Blackout'. Gosto da positividade na mensagem em 'Make It Real' e do romantismo de 'Arizona' – aliás, até hoje, quando vou ao Arizona (EUA), todos conhecem essa música que escrevi.
 
Como foi experimentar o sucesso mundial?
 
RAREBELL – Nosso sonho era ser uma das maiores bandas de rock do mundo e eu sempre disse aos caras que devíamos ir para os EUA. O pessoal da gravadora na Alemanha disse: "Vocês estão loucos!? Acham que há espaço para vocês por lá? Vocês são apenas cinco alemães comuns. Esqueçam esse sonho e voltem à realidade!" Contudo, eu sempre pensava: "Um dia, tocaremos em estádios nos EUA e vocês [os caras da gravadora] irão nos assistir". Exatamente cinco anos depois foi o que aconteceu.
 
O que aconteceu para o Francis Buchholz sair da banda?
 
RAREBELL – Essa é uma longa história. O Francis era o responsável pelo dinheiro da banda e, em 1992, muito dinheiro estava sumindo. O questionamos e ele fingiu não saber o que havia acontecido. Para nós, foi motivo para afastá-lo.
 
E por que você deixou a banda?
 
RAREBELL – Em 1996, recebi um convite do príncipe Albert (Mônaco) para criar uma gravadora, a Monaco Records. Depois de cerca de 20 anos, sentia que a criatividade na banda estava em baixa e achei que aquela era uma ótima oferta. Eu e minha família estávamos morando em Mônaco. Assim, em 6 de maio de 1996, criamos a gravadora, que existiu por cinco anos.
 
O que você acha do Scorpions depois que saiu da banda?
 
RAREBELL – Eles gravaram quatro discos de estúdio, mas realmente não acho que soem como Scorpions. Contudo, devo dizer que o novo, 'Sting in the Tail' [2010], soa muito como o antigo Scorpions, uma mistura de 'Blackout' [1982] e 'Love at First Sting' [1984].
 
 
Henrique Inglez de Souza

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