ROCK UNIVERSITÁRIO

Foi-se o tempo em que ligávamos o rádio e ouvíamos música de qualidade sobrepondo as porcarias. Era tão bom que, se estivesse tocando uma que não gostássemos ou já tivéssemos enjoado, era só mudar a estação. O Raul Seixas tem um refrão completo, nesse sentido: "Se o rádio não toca a música que você quer ouvir, é só mudar de estação".
 
Porém, de volta ao nosso calvário, estamos constantemente mudando de estação em busca do mínimo de rock. Ops, acho que exagerei, afinal hoje em dia é cada vez mais raro ligarmos o rádio. É tanta merda que desanima! OK, temos uma ou (no máááximo) duas estações boas. Entretanto, a carga de religiosos, pop descartável e bunda music nos convida a JAMAIS voltarmos a ligar um rádio na vida.
 
Falem o que quiser, mas o fato é que somos porque fomos condicionados a receber o que vem da grande mídia, especialmente rádios e TVs. Os clássicos tornaram-se clássicos porque marcaram época. E marcaram época porque tocavam direto nas rádios, estavam na TV e iam para as revistas e jornais. Os singles ou músicas de trabalho serviam para nos abrir o apetite em relação a um novo álbum. Assim que sempre funcionou.
 
Hoje, não temos mais isso e estamos tão perdidos quanto bêbado tentando achar o passe de metrô no bolso. A internet foi uma salvação sob muitos pontos de vista, porém desconsertou a história. O fato de ela permitir possibilidades incontáveis e encurtar distâncias não evitou de nos jogar em um complicado e imenso oceano de informações. Por conta disso, temos nós mesmos que garimpar as coisas – ao contrário de tudo aquilo que estávamos acostumados até então (da grande mídia nos trazendo as novidades).
 
Obviamente, há um sem-número de bandas e artistas de qualidade por aí, mas dá um puta trabalho achá-los. Não é preguiça, mas sim a dependência do boca a boca mais do que nunca. E é aí que entra a falta que faz uma grande mídia de qualidade. Para mim, os grandes veículos viraram viciados no mais alto grau de jabá e bosta. Sim, rádios e TVs nutrem-se de merda nos mais variados estados.
 
Assim, o rock, nosso velho e bom rock, parece morto ou vegetativo. Perdemos a referência, tiraram nosso canal, nosso chão. Duvida? Então, por que será que não temos um novo hit clássico (falando sério, hein!) desde os anos 1990? É claro que é por causa dessa nova conjuntura. A mesma que nos oferece essa pilha de lixo que rotulam como rock. O curioso é que nos acostumamos a meter o pau em sertanejo e bunda music em geral. Mas e o rock, hein? Para mim, isso que eles nos jorram nada mais é do que uma latrina entupida e fedorenta, chamada rock universitário.
 
Henrique Inglez de Souza

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