O SONHO ACABOU... COMO SEMPRE!

Que manhã amarga todos nós tivemos com uma notícia tão indescritível como essa, um assassinato! Que decepção tivemos com as escolhas injustas que o destino às vezes faz. Ela e sua mãe brutalmente assassinadas justamente pelo vagabundo do morador de rua que ajudavam. Só porque não tinham R$ 10. Como é duro ver pessoas do bem sendo violentamente arrancadas de suas vidas. Não se trata de preço nem valor, pois a vida está acima disso. Mesmo porque, se fôssemos nos prender a tal contabilidade, acho que desistiríamos de tudo por ver o quão pouco dão por cada um de nós.

Não a conhecia tão bem como outras pessoas. Mesmo assim, tenho certeza que não via nada além da realidade nela: uma menina talentosa, esforçada, dedicada e extremamente batalhadora. Que fazia dos entraves um desafio a mais para levar adiante sua paixão pela música. Uma menina que carregava nos olhos o brilho de quem ainda tinha muito a fazer por si. Uma menina que via na guitarra sua alma gêmea, seu coração, seu oxigênio, a voz que lhe dizia "siga em frente!".

O que tiraram dela não foi somente o direito de ir e vir. Não foi a possibilidade de dizer o que pensa e fazer o que dá na telha. Não foram suas vontades, sua música ou sua guitarra. Foi coisa bem pior. Privaram dessa jovem sonhadora a alegria, o suspiro, o sorriso e o prazer de se emocionar com os altos e baixos da vida. Uma vida que jamais teremos de volta, muito menos ela.

Talvez você já esteja acostumado a ver e ouvir falar de tantas crueldades. A humanidade é suja e cruel, por princípio, haja vista que o sentimento mais humano é o egoísmo. Pare e pense, mas pense mesmo (o que quer dizer pensar livre de mágoas, de preconceitos e de não concordar com o que acabou de ler). Verá que tudo e todos caminham em cima de seus próprios caminhos e para si mesmos.

Mesmo assim, perder alguém de maneira tão escrota, tão animalesca, tão devastadora nos faz parar um instante. Nos faz tirar essa carapuça de valores e imagens artificiais que construímos para sobreviver nesse mundo aí fora. Ela era tão comum como qualquer um de nós, só que tinha a qualidade de ser uma pessoa pura e livre da maldade que nem todos têm – tanto é que foi exatamente essa maldade que a matou. Acontece que quando conhecemos alguém minimamente, meu caso em relação a ela, nos sentimos profundamente atingidos pela violência.

Até quando isso vai acontecer? – essa é uma pergunta que duvido seriamente da existência de uma resposta precisa. Perdemos alguém, pessoal! Uma jovem guitarrista que sonhava em seguir na música e era talentosa. Perdemos quantas músicas mais? Não sei! Agora, só me vem à cabeça o quanto de sonhos que perdemos diariamente por causa dessa névoa escura e poluente chamada violência, que está aí, choca, mas que ninguém, de fato, se mobiliza para acabar. Pessoas do bem como ela sempre farão falta por aqui.

Henrique Inglez de Souza

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