DOMINGO: O DIA OFICIAL DO TÉDIO

Domingo é um dia péssimo, sempre foi! E isso não é um clichê. É fato! O clima nas cidades é outro, as pessoas andam meio sem vontade, como se estivessem com uma preguiça combinada. Nas ruas (semivazias), a maioria das coisas está fechada e paira aquele ar de almoço-em-família, o que não é ruim, mas, dentro desse contexto, soa enjoativo. Se ainda fosse um dia animado como a música homônima dos Titãs... Mas não é!

Ficar em casa acaba sendo uma opção, a menos entediante (será?). Afinal, o que se pode fazer, além de dormir e comer (seja lá o sentido de comer)? Pô, a televisão, que nunca foi lá essas coisas, fica horrível – até mesmo a TV paga não ajuda muito. Passam sempre filminhos chatos, comédias estúpidas, venda incessante de produtos, documentários sobre o Egito Antigo, a Segunda Guerra Mundial ou arqueologia, e por aí vai. Videogame, então, nem pensar! Desse mal, não padeço.

Mas foi num desses domingos em que o relógio parecia trabalhar em um ritmo abaixo do normal que resolvi tentar quebrar o ócio – acho que isso faz umas duas ou três semanas. Me propus a dar uma organizada em qualquer coisa em casa e curtir, claro, muita música. Tive vontade de colocar umas velharias que gosto bastante e lá fui eu caçar o vinil do Sinhô – sambista sensacional. Enquanto ia passando de disco em disco até encontrar o que queria, topei com um do Black Sabbath, cujo plástico que protege a capa simplesmente se esfarelou em meus dedos.

Acabei pegando esse álbum ('Sabbath Bloody Sabbath') para trocar o plástico. Olhando aquela bela e emblemática imagem da capa, não resisti e coloquei o toca-discos para funcionar, indo direto à faixa 'A National Acrobat'. Esse foi o clique para mudar a cara do meu domingo. Ouvi mais uma vez essa música, que é uma das melhores deles. Empolgado, coloquei os dois lados pra rolar e decidi fazer uma necessária faxina em todos os meus vinis.

Eu sei que, do Black Sabbath, acabei viajando por coisas das mais variadas – Deep Purple, Phenomena II, Beatles, Sex Pistols (o compacto comemorativo de 30 anos de 'God Save the Queen', minha "homenagem" antecipada à babaquice em tempo real que foi essa cobertura do casamento do príncipe), Chico Buarque, Ultraje a Rigor (especialmente a faixa 'Prisioneiro'), Lobão, Ace Frehley, Iron Maiden, Thin Lizzy (claro!), Camisa de Vênus, The Waterboys, Cheque Especial (lembra dessa banda-de-uma-música-só?), Ira!, Zé Ramalho, Alceu Valença & Geraldo Azevedo (o primeiro disco de ambos, gravado em conjunto, de 1972 – uma pérola), Gonzaguinha, Rolling Stones, Whitesnake, Ozzy Osbourne... E tantos outros que não lembro mais.

Rolou de tudo na minha vitrola, até um esquecido LP que tenho do Simon & Garfunkel – sempre me lembro de um amigo que insiste jurar que a dupla se chama Simon & GARFIELD, e olha que não é sarro dele, hein! Fazer o quê? Também já ouvi dizerem que o Harrison Ford era o guitarrista dos Beatles e que era o mais talentoso dos Fab Four (!!!). Dá vontade de retrucar: "Errrr... não seria George Harrison, ô anta?!". Mas desencana! Tentar corrigir gente assim, às vezes, é querer secar as mãos em toalha molhada...

Olha, devo ter começado essa faxina musical lá pelas dez da manhã e acabei quando o relógio já marcava umas seis e pouco da tarde. Nem cheguei a limpar todos os discos, mas descobri um jeito de esquecer que estou encarando um domingo. Primeiro, troquei os plásticos das capas mais urgentes, depois dei aquela desempoeirada nos próprios LPs. Por fim, mergulhei nos encartes enquanto rolava o som – prazer que os CDs, apesar do esforço, não conseguem nos proporcionar. Muito menos os mp3.

E sabe qual foi o último álbum que curti? Justamente aquele que queria antes de embarcar nessa terapia antidominical: o do Sinhô. Na "pilha" de fuçar a minha estante, acabei me esquecendo do mestre. Então, mandei ver um clássico da música popular brasileira: 'Jura'. Se havia marasmo, foi devidamente exorcizado. Esperar segunda-feira chegar ficou até fácil.

À noite, acabei ligando a TV.

Henrique Inglez de Souza

Comentários

  1. Tá vendo como a música salva! kkkkkk... muito legal a seleção dos discos!

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  2. Hehe... Música boa não tem contraindicação ;)

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  3. Sensacional! Eu adoro o 'parar' do domingo, meio bobo, dia de ir a missa, dormir, vadiar e justamente fazer as coisas que gosto em casa e que com a vida cachorra da minha semana eu nunca consigo fazer! Ler os blogs legais tb é uma das coisas show do domingo, feito agora =] ótima semana pra vc!!!

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  4. Po, Marcia, valeu pelo elogio! :) Todos nós temos nossas válvulas de escape nos domingos... é que é um dia tão chato que acabamos ficando com preguiça de ir atrás. Mas o ócio me ajudou nessa. Não que eu vá limpar vinil todo domingo, mas, pra mim, tem tanta coisa boa pra "reencontrar" nos meus discos e ficar curtindo, que o domingo ficou até... digamos... legal. Ótima semana pra você também! :D

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  5. Um bom programa de domingo é ouvir o SP Metal I.

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